terça-feira, 7 de outubro de 2014

Mãozinha Boa na Vila

Nossos últimos eventos em parques, têm feito nossa vontade de brincar em espaços abertos aumentar. Cada vez que passamos por uma pracinha bem cuidada, ficamos com uma imensa vontade de estender a toalha do Muriquinhos nela e passar um tempinho compartilhando brincadeiras.
Acontece que tem uma pracinha muito charmosa na Vila Fiat Lux. Até coreto tem. E olha que ela fica bem pertinho da Marginal Tietê. A vila toda parece que é um esconderijo secreto dos tempos felizes. É chegar lá e você já se sente melhor.
E já que o ambiente escolhido é tão gostoso, resolvemos juntar a proposta com uma antiga vontade: a de fazer novamente o projeto Mãozinha Boa. Para quem ainda não ouviu falarmos sobre este projeto, basicamente ele propõe que pessoas se reunam para produzir manualmente prendas para doar para alguém. É doar um pouquinho de tempo para si mesmo e para o outro.
Estamos torcendo para este encontro ser apenas o primeiro de muitos. Quem sabe apareçam várias outras pracinhas charmosas... Quem sabe apareçam pessoas querendo ajudar a organizar novos encontros...
Para agora, fica o convite: Apareça você com sua família e passe essa tarde com o Muriquinhos.

domingo, 4 de maio de 2014

Arco e Flecha

O arco e flecha está estreitamente ligado à história da humanidade. Durante séculos serviu para a caça e para a guerra.
A postura do corpo, o refinamento nos gestos das mãos, a curvatura do brinquedo e do brincante... Podemos fazer inúmeras observações.
Ao atirar, os arqueiros contam com a ajuda de uma mira. O alvo, nem sempre é definido. Foi a lata, a caixa, o vazio...
O arco e flecha requer grande capacidade de concentração e pontaria, assim como boas condições físicas, imprescindíveis para conseguir o equilíbrio adequado entre as várias partes do corpo que intervêm na execução do disparo.
Nós escolhemos dois momentos diferentes para ilustrar este post. O primeiro foi no acampamento da família Sousa em Camburi, janeiro de 2013. O outro foi com a Bia e o seu avô, em abril deste ano.
Lembrei-me de um poema lindo que se relaciona com esses encontros...

"Vossos filhos não são vossos filhos.
São filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E, embora vivam convosco, a vós não pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Pois eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois o arco dos quais vossos filhos, quais setas vivas, são arremessados.
O Arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com sua força para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do Arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como Ele ama a flecha que voa, ama também o arco, que permanece estável."
(Khalil Gibran)













terça-feira, 1 de abril de 2014

Turma do Galileu na Vivekinha

A dupla Vivekinha e Muriquinhos prepararam uma nova oficina. Vai acontecer no dia 12 de abril.
Quem vai entrar em cena desta vez é a Turma do Galileu.
Para quem ainda não conhece o Galileu, ele é o nosso primeiro boneco. Já está ficando meio velhinho... mas ainda adora brincar. Ele tem uma proção de amigos e em cada lugar que vai acaba encontrando mais gente que quer entrar para sua turma e gente que quer aprender a fazer bonecos como ele.

E você? Ficou com vontade? Vem fazer Vivekinha!

domingo, 23 de março de 2014

Pegadas do brincar


Nos últimos anos, o grupo Muriquinhos tem realizado vários cursos para educadores. Isso porque, com o tempo, percebemos que quem precisava aprender a brincar eram os adultos.
Nas crianças era bem mais fácil cutucar o brincar. Era só fazer uma brisa brincante e as crianças já estavam brincando.
Com os adultos o vento tinha que ser mais forte. Muitas vezes era necessário um vendaval para conseguir mudar o olhar, postura e o viver dos adultos.
Para aprender a brincar é preciso se entregar a ele. Não basta olhá-lo de longe e formular teorias. Também não vale brincar de mentira.
"As crianças não brincam de brincar. Brincam de verdade." Mário Quintana
E foi com essas inquietações que o grupo começou a se dedicar aos cursos para educadores. Em muitos desses cursos, acabamos encontrando novos murqiuinhos e trocando muitos saberes.
Brinquedos do Pato
Foi o que aconteceu no último curso, o Pegadas do Brincar. Um curso em duas oficinas para os educadores do Fábrica de Cultura do Jardim São Luiz.
Em uma das propostas, os grupos de participantes foram desafiados a criar um espaço de brincar com os materiais e condições disponíveis. A proposta ampla gerou soluções diversificadas: uma cabana, um teatro de sombras, uma maquete, um campo de capubol (capoeira com futebol), uma garagem com brincadeiras de rua e um labirinto.






Em outra parte do curso, houve construção e exposição de piões, exposição de outros brinquedos e construção livre.


Teve gente que emprestou brinquedos para a exposição.

Dominó de figuras musicais da Paula

Pebolim levado pelo Azeite
Teve gente que conseguiu encontrar outras soluções e aperfeiçoamentos para os brinquedos.









E todos nós brincamos muito.




quarta-feira, 19 de março de 2014

Bolas orgulhosamente artesanais

Acho que um dos maiores orgulhos que os muriquinhos têm é de conviver com gente que já era muriquinho bem antes da gente nascer e de ter convivido com eles até quando a gente nem sabia que era muriquinho...
Não vou escrever muito, porque a Camila já arranjou um jeito bem melhor de expressar o nosso orgulho:

quinta-feira, 6 de março de 2014

Tesouro de criança

Esse ano ninguém segura a família Sousa. Já não bastasse a Rosana finalmente ter começado a escrever para o blog, o marido e pai da família Sousa, João, também entrou na brincadeira com um texto encantador. Agora fiquei com uma dúvida: será que os filhos Sousa também escrevem bem? Se for sobre brincadeiras e muricagens tenho certeza que sim!!!!!



"Tesouro de criança
Minha função na empresa em que trabalho é acompanhar o controle de qualidade de diversos tipos de equipamentos nos fabricantes. Em uma das visitas, ao colocar o carro no estacionamento de determinada empresa, reparei que junto ao piso de brita existiam várias bolinhas de gude espalhadas pelo chão. Um verdadeiro tesouro... Na minha infância, quando se conseguia meia dúzia de bolinhas era uma verdadeira conquista! Eu fiquei imaginando se o ocorrido fosse há alguns anos atrás, seria um achado sem igual!

Segui para as dependências da empresa a fim de desenvolver meu trabalho, mas aquelas bolinhas espalhadas estavam instigando minha curiosidade. Perguntei para alguns funcionários qual era a finalidade daquele “brinquedo” espalhado no estacionamento.  De onde vieram? A resposta que eu tive foi: “QUE BOLINHAS?”.
Da forma como elas estavam, socadas à brita, dava para se perceber que já estavam por lá há algum tempo e eu não compreendia como ninguém reparava nesse verdadeiro tesouro, aflorando sob os pés de todos.

















Terminei meu expediente e antes de entrar no carro peguei algumas bolinhas. No outro dia voltei e continuei a perguntar a mais pessoas que guardavam seus carros no mesmo estacionamento e que também não haviam reparado esse fato. Discutimos muito sobre o verdadeiro valor de tal brinquedo em nossas infâncias e qual deveria ter sido sua utilização na empresa. Talvez para limpeza de algum sistema?  Por que jogar fora como se fosse lixo, sem reaproveitar ou usar como um brinquedo?
















Terminei meu segundo e último dia de trabalho na empresa e antes de sair peguei mais algumas bolinhas sem exagerar, pois espero que outros também possam se banquetear com esse brinquedo que encheu de lembranças e de momentos alegres muitos corações de várias gerações. Quando olhei para o chão novamente, percebi que apesar daquele tesouro estar brotando na terra, para muitas pessoas ele estava enterrado no fundo de suas lembranças!"
JOÃO LUIS VIEIRA DE SOUSA



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Muriquinhos até debaixo d'água

Eu disse que a Rô começou 2014 com uma coceira para escrever. Ela me contou que já está pensando em mais dois textos. O que publico hoje está na minha caixa de emails já faz tempo, mas como o calor ainda não foi embora, a dica é preciosa. Aproveitem!



"Muriquinhos até debaixo d'água

Na passagem de ano de 2014, os muricos Sousa estavam em Valinhos na casa de parentes brincando na piscina quando, de repente, o Felipe, nosso sobrinho,  apareceu com um galão de água de 20 litros que eles usavam como bóia. A brincadeira foi certa. Ele disse que um dia pegaram esse galão de água que estava disponível, vedaram o bico com fita isolante e começaram a brincar de afundar o galão, o que não é nada fácil...  Descobrimos algumas maneiras de utilizar esse material na água além de guardar a água. É isso que os muriquinhos tem feito,  mudado as coisas de lugar.
Segundo Manoel de Barros:
“A última coisa para que a cadeira serve é para sentar.”

Pensando assim,  vejamos o que mais podemos trocar de lugar..."

Rosana Roza de Sousa







terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Diálogo com a natureza

A inspiração para este texto veio dessas imagens dos bonecos do Muriquinhos tão confortavelmente entrosados com a natureza. O esqueleto e vontade inicial do texto foram da Rosana (que parece que começou 2014 com uma coceira escritora nos dedos...). Mas como ela nos deixou muricar em cima do texto dela... acabou virando um texto coletivo.
Por incrível que pareça não é um texto sobre o brincar, mas é sobre um assunto que nos tem feito arregaçar as mangas, estudar e refletir.
O reaproveitamento de materiais tem acompanhado a história do Muriquinhos. No começo, a gente fazia brinquedos usando “sucata” e dizia que estava “reciclando”. Com o tempo, descobrimos que esses termos não eram os melhores para caracterizar o que fazíamos e que várias dessas palavras da “moda” eram utilizadas equivocadamente.
Sustentabilidade... era preciso mergulhar bem mais profundamente para começar a alcançar o real sentido desse conceito. Mais do que ler e colecionar definições, era preciso vivenciar o conceito e interiorizar práticas.
E, além de brincar, esse tem sido um dos nossos principais objetivos.
Nessa trajetória, encontramos bons parceiros como a Eco Cultural e a Cooperativa crescer, que nos deram ótimas dicas e nos forneceram materiais e esclarecimentos sobre a questão ambiental.
Foi com eles que ouvimos pela primeira vez o termo “resíduos sólidos”. Foi com eles que aprendemos que existem vários encaminhamentos possíveis para os tais resíduos sólidos.
Hoje, sabemos que apesar de tantos discursos e campanhas sobre sustentabilidade e conservação do meio ambiente, ainda há muito a ser feito.
Sabemos que o descarte correto de materiais envolve a formação e o fortalecimento de uma consciência crítica da sociedade sobre a problemática ambiental.
E são diversas as ações, frentes e estratégias para tal. A quem defenda a total substituição de materiais considerados geradores de poluição ambiental por outros que tenham uma vida útil maior ou que sejam mais inertes, como no caso do abandono da produção de embalagens plásticas e substituição por frascos de vidro. A quem veja na reciclagem a solução para o uso e produção de materiais. E entre grupos que usam a questão da sustentabilidade apenas como artifício de marketing e os que realmente se importam com o ambiente, há uma infinidade de iniciativas que sugerem ações e atitudes.
Nós gostamos de pensar que a união entre os que recusam, os que reciclam, os que reutilizam, os que reduzem, os que reaproveitam e os que refletem é o melhor caminho, em meio a tantos interesses pessoais e preocupações reais com o meio ambiente.
Isso porque, talvez a questão ambiental não seja uma questão de resposta única. Porque não é possível jogar toda essa situação, em que tanta coisa parece estar fora do lugar, no lixo de uma vez e substituir por uma nova realidade onde tudo esteja limpo. Mas é possível arrumar aos poucos. E se tiver bastante gente ajudando é mais fácil e mais rápido.
 Nós, do Muriquinhos, adotamos o “R” do resgate. Chamamos nossos materiais de resgatados. E esse tem sido nosso modo de participar da sustentabilidade, integrando consumo consciente, reaproveitamento de materiais, revalorização do brincar e transformação de posturas. Resgatando materiais, aumentamos sua vida útil e ressignificamos sua utilidade.
O brincar tem sido nosso caminho para devolver a vida aos materiais e de exercitar a cidadania, buscando uma compreensão do que é possível fazer com a realidade que temos, dentro de um aspecto, ecológico, econômico, social e cultural.
O Muriquinhos aposta na transformação. Uma transformação que começa em uma ideia. Uma ideia que nasce do desejo e que leva a uma busca por possibilidades materiais. Um movimento que envolve a organização do espaço e do tempo e que necessita de vontade e criatividade. Um movimento que transforme a forma como as pessoas olham para os materiais. Uma transformação que torne possível a integração dos resíduos sólidos ao meio ambiente.
Podemos pensar em quatro etapas necessárias para a mudança de atitude e comportamento: a ideia, a busca, a execução e a utilização (que no nosso caso é o brincar). Etapas que podem ter sua ordem invertida e seu ciclo multiplicado.
Etapas possíveis aos seres humanos desde a infância. Nas brincadeiras de crianças, facilmente observamos esse movimento. Quando disponibilizamos materiais, que a priori teriam outra utilidade diferente do brincar, rapidamente as crianças mostram que já sabem o que fazer, a brincadeira que desejam e como aqueles materiais podem ter infinitas outras utilidades. As crianças, normalmente, já vem com o que chamamos de “olhar do avesso”. Já são capazes de enxergar mil e uma possibilidades onde o adulto estipulou apenas uma. Mas adultos que ainda brincam também podem olhar do avesso e ajudar a ampliar o repertório de vivências e pesquisas do brincar.
E esse olhar do avesso das crianças pode ser o segredo para a transformação do olhar do adulto. É preciso tempo para olhar e para tomarmos consciência do que precisamos e do que podemos transformar. É preciso ouvir e analisar a opinião de pessoas mais experientes, mesmo que os mais experientes sejam as crianças. É preciso sacudir a poeira do corpo e afastar o comodismo do conforto momentâneo. É preciso resgatar valores da vida. É preciso um diálogo com a natureza.
E o primeiro passo pode parecer difícil e custoso, mas não é. Talvez seja simples como deitar no galho de uma árvore e observar como é que o mundo anda e imaginar como é que gostaríamos que ele andasse.
... e depois, pegar a primeira tampinha que você achar jogada no chão.



O mais importante não é como transformamos os materiais, mas sim como, quando manipulamos, cuidamos, resgatamos, construímos e brincamos com os materiais, nós mesmos nos transformamos.