segunda-feira, 13 de abril de 2015

"Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós."
(Manoel de Barros)
AS COISAS QUE O AFETO ENSINA...
Este é o nome de um artigo que li há tempos, de um educador chamado Marcelo Bueno. Gosto muito de ir e vir, de transitar textos de acordo com o meu estado de espírito. Inquietar e me inspirar com a diversidade é o que procuro fazer na educação.
Este sentimento brotou no sábado passado quando guiei uma assessoria para um grupo de professores de uma escola que trabalha com a primeira infância.
Terminei o trabalho com mais uma confirmação de que Afeto é afetar, independente da idade do aluno.
Compartilho o que autor descreveu em seu blog “Afeto é afetar. É o compromisso de transformar o outro”. O coletivo a transformar a sua vida? Somos marcados por mapas afetivos para sempre! Escuto muitas pessoas dizendo que escolheram as suas profissões por conta de um professor específico. Por quê? Pela forma como esse professor afetou você pelo conhecimento. O afeto está na preparação da aula. Nas escolhas do professor. Na voz, no toque, nos pequenos gestos. No silêncio, na forma como esse avalia. Aprendi que de nada vale estar em uma superescola, com um supermaterial, num superespaço, numa superlinha pedagógica se não há seres capazes de afetar e dispostos a serem afetados pelos outros! Afeto é o que fica. Esse afeto que percebe que o educar se faz nas miudezas. É ele que vai além de toda a tecnologia pedagógica atual”.

FONTE: marcelocunhabueno.blogspot.com
Fica a pergunta: Será que a educação a distância afeta? Não estou me referindo apenas a virtual, nem desdenhando da possibilidade que a evolução tecnológica possibilitou para muitas pessoas. Estou falando daquela de corpo presente e alma distante, de professores virtuais, embora presenciais. Acredito naquele gesto, no timbre da voz, no espaço cuidadosamente preparado, na linguagem corporal, no LER criança com razão e coração.



 

 

segunda-feira, 16 de março de 2015

Clima de Brincadeira

É uma série de encontros/oficinas desenvolvidos pelo Grupo Muriquinhos especialmente para educadores e adultos brincantes.
Selecionamos da nossa bagagem algumas coleções de brinquedos e brincadeiras de muita estima. Juntamos a experiência de resgatar materiais que o grupo tem e a possibilidade de enxergar o brincar como uma bela história. Conversamos sobre tudo e organizamos cursos para professores e outras pessoas interessadas.
O adulto, em geral, acostumou-se com a rotina acelerada do mundo contemporâneo, sobrecarregando sua agenda com tarefas e trabalhos. O brincar foi aos poucos sendo empurrado para a área restrita da infância.
Não tendo tempo para brincar, o adulto distanciou-se dessa linguagem e alguns de seus valores acabaram esquecidos. Passou a não conseguir falar com, ou ouvir a criança, pois não entende sua linguagem.
É tempo de aclimar-se de novo. De entrar no clima de brincadeira. De se entregar ao brincar. Só assim a comunicação poderá fluir novamente!
Conheça alguns dos nossos temas/encontros:

- Jogo de corpo
- Por um fio
- Brinquedos que giram
- Brinquedos sonoros
- Brinquedos que voam
- Brinquedos molhados
- Brinquedos para a coordenação motora fina

E muito mais...
Entre em contato conosco e encomende o seu encontro brincante!

muriquinhos@gmail.com


Casa Lila


Projeto Casulo





terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Atlás de Muriquinhos

Calma, calma... não se assustem com o acento no título. Não foi porque fiquei tanto tempo sem postar nada por aqui que esqueci como se escreve essa palavra. Daqui a pouco vocês vão entender...
O caso é que nós vivemos de olhos, ouvidos e coração bem abertos para descobrir novos muriquinhos. E já encontramos com vários em nossas andanças. Gente que conhece verdadeiros tesouros do universo das brincadeiras. Gente que guarda cada detalhe do sabor de sua infância. Gente que fica com o olhar reluzente quanto o assunto é brincadeira. Gente que brinca.
Acontece que descobrimos uma muriquinha que é tudo isso e ainda gosta de brincar com as palavras. Para vocês entenderem, conseguimos a permissão dela para publicar um de seus textos:
"Na infância, da parte vivida na escola, tenho duas lembranças que retornam com saturno e foram vividas por mim, como recentes clarividências do passado, só que um pouco diferentes.

Uma: na biblioteca da sala, meu "livro" preferido era o Atlas. Sei lá... os contornos dos mapas pareciam tudo... menos a representação de territórios e afins. Nele estavam as fotografias-desenhos que tinham no teto de casa, desenhados pelas infiltrações das chuvas (principalmente das de janeiro) e pelos mofos.

E tem mais, atlas era a palavra que eu e o Cebolinha falávamos corretamente.
Quase toda semana era este o "livro" que eu emprestava do acervo da turma para levar pra casa. Achei a minha carteirinha esses dias e contei 37 empréstimos em 1993.

Duas: não aprendi a rodar pião por que me disseram que era brinquedo e brincadeira de menino.

E o mundo gira...e gira e gira...com e sem velocidade... e já com 30 anos, ainda na escola, percebo infâncias e observo a minha. Do outro lado. Da professora. Que desconfia ter uma orelha invisível, na parte de trás da cabeça.Num canto da sala, um menino que sempre pega o mesmo "livro" e que também pronuncia a palavra atlas corretamente quando quer dizer atrás, ouço assim:

- "Nuoossa mano! O mundo NÃO é ledondo.O mundo é um pião, só que sem a fieila!"

Descubro outro admirador de Atlas que se aproxima do colega e contesta:
- "Claro que tem fieira, aqui ó, é a linha do equador!".

Daí, instantes depois, na hora do recreio, brincadeira com pião, orelha invisível ativada, ouço uma assim:
- " Pála mano! Só a G. consegue soltá a fieila e rodá o pião!".

O mesmo colega, admirador de Atlas (e agora de piões), exclaaaama:
- "Nuoossa, mano! A G. tá com o mundo na mão!!!!".

Nunca gostei muito de geografia, só de Atlas e de ir atrás do que desperta o desejo desses pequenos. E tenho observado no território da(s) infância(s) - ainda que clandestinamente - cartografias de aprendizagens, afetos e movimento das placas tectônicas que quando se chocam ao invés de terremotos, causam deslocamentos.

E sim! É muito bonito observar uma menina com o mundo nas mãos! 
Tô quase aprendendo a rodar o pião também!!!"

Espero que este seja apenas o primeiro texto da Aline Gonçalves, publicado aqui no blog... afinal, segundo a Camila Bruno ela já está contlatada como colaboradora oficial...




terça-feira, 7 de outubro de 2014

Mãozinha Boa na Vila

Nossos últimos eventos em parques, têm feito nossa vontade de brincar em espaços abertos aumentar. Cada vez que passamos por uma pracinha bem cuidada, ficamos com uma imensa vontade de estender a toalha do Muriquinhos nela e passar um tempinho compartilhando brincadeiras.
Acontece que tem uma pracinha muito charmosa na Vila Fiat Lux. Até coreto tem. E olha que ela fica bem pertinho da Marginal Tietê. A vila toda parece que é um esconderijo secreto dos tempos felizes. É chegar lá e você já se sente melhor.
E já que o ambiente escolhido é tão gostoso, resolvemos juntar a proposta com uma antiga vontade: a de fazer novamente o projeto Mãozinha Boa. Para quem ainda não ouviu falarmos sobre este projeto, basicamente ele propõe que pessoas se reunam para produzir manualmente prendas para doar para alguém. É doar um pouquinho de tempo para si mesmo e para o outro.
Estamos torcendo para este encontro ser apenas o primeiro de muitos. Quem sabe apareçam várias outras pracinhas charmosas... Quem sabe apareçam pessoas querendo ajudar a organizar novos encontros...
Para agora, fica o convite: Apareça você com sua família e passe essa tarde com o Muriquinhos.

domingo, 4 de maio de 2014

Arco e Flecha

O arco e flecha está estreitamente ligado à história da humanidade. Durante séculos serviu para a caça e para a guerra.
A postura do corpo, o refinamento nos gestos das mãos, a curvatura do brinquedo e do brincante... Podemos fazer inúmeras observações.
Ao atirar, os arqueiros contam com a ajuda de uma mira. O alvo, nem sempre é definido. Foi a lata, a caixa, o vazio...
O arco e flecha requer grande capacidade de concentração e pontaria, assim como boas condições físicas, imprescindíveis para conseguir o equilíbrio adequado entre as várias partes do corpo que intervêm na execução do disparo.
Nós escolhemos dois momentos diferentes para ilustrar este post. O primeiro foi no acampamento da família Sousa em Camburi, janeiro de 2013. O outro foi com a Bia e o seu avô, em abril deste ano.
Lembrei-me de um poema lindo que se relaciona com esses encontros...

"Vossos filhos não são vossos filhos.
São filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E, embora vivam convosco, a vós não pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Pois eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois o arco dos quais vossos filhos, quais setas vivas, são arremessados.
O Arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com sua força para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do Arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como Ele ama a flecha que voa, ama também o arco, que permanece estável."
(Khalil Gibran)













terça-feira, 1 de abril de 2014

Turma do Galileu na Vivekinha

A dupla Vivekinha e Muriquinhos prepararam uma nova oficina. Vai acontecer no dia 12 de abril.
Quem vai entrar em cena desta vez é a Turma do Galileu.
Para quem ainda não conhece o Galileu, ele é o nosso primeiro boneco. Já está ficando meio velhinho... mas ainda adora brincar. Ele tem uma proção de amigos e em cada lugar que vai acaba encontrando mais gente que quer entrar para sua turma e gente que quer aprender a fazer bonecos como ele.

E você? Ficou com vontade? Vem fazer Vivekinha!

domingo, 23 de março de 2014

Pegadas do brincar


Nos últimos anos, o grupo Muriquinhos tem realizado vários cursos para educadores. Isso porque, com o tempo, percebemos que quem precisava aprender a brincar eram os adultos.
Nas crianças era bem mais fácil cutucar o brincar. Era só fazer uma brisa brincante e as crianças já estavam brincando.
Com os adultos o vento tinha que ser mais forte. Muitas vezes era necessário um vendaval para conseguir mudar o olhar, postura e o viver dos adultos.
Para aprender a brincar é preciso se entregar a ele. Não basta olhá-lo de longe e formular teorias. Também não vale brincar de mentira.
"As crianças não brincam de brincar. Brincam de verdade." Mário Quintana
E foi com essas inquietações que o grupo começou a se dedicar aos cursos para educadores. Em muitos desses cursos, acabamos encontrando novos murqiuinhos e trocando muitos saberes.
Brinquedos do Pato
Foi o que aconteceu no último curso, o Pegadas do Brincar. Um curso em duas oficinas para os educadores do Fábrica de Cultura do Jardim São Luiz.
Em uma das propostas, os grupos de participantes foram desafiados a criar um espaço de brincar com os materiais e condições disponíveis. A proposta ampla gerou soluções diversificadas: uma cabana, um teatro de sombras, uma maquete, um campo de capubol (capoeira com futebol), uma garagem com brincadeiras de rua e um labirinto.






Em outra parte do curso, houve construção e exposição de piões, exposição de outros brinquedos e construção livre.


Teve gente que emprestou brinquedos para a exposição.

Dominó de figuras musicais da Paula

Pebolim levado pelo Azeite
Teve gente que conseguiu encontrar outras soluções e aperfeiçoamentos para os brinquedos.









E todos nós brincamos muito.




quarta-feira, 19 de março de 2014

Bolas orgulhosamente artesanais

Acho que um dos maiores orgulhos que os muriquinhos têm é de conviver com gente que já era muriquinho bem antes da gente nascer e de ter convivido com eles até quando a gente nem sabia que era muriquinho...
Não vou escrever muito, porque a Camila já arranjou um jeito bem melhor de expressar o nosso orgulho:

quinta-feira, 6 de março de 2014

Tesouro de criança

Esse ano ninguém segura a família Sousa. Já não bastasse a Rosana finalmente ter começado a escrever para o blog, o marido e pai da família Sousa, João, também entrou na brincadeira com um texto encantador. Agora fiquei com uma dúvida: será que os filhos Sousa também escrevem bem? Se for sobre brincadeiras e muricagens tenho certeza que sim!!!!!



"Tesouro de criança
Minha função na empresa em que trabalho é acompanhar o controle de qualidade de diversos tipos de equipamentos nos fabricantes. Em uma das visitas, ao colocar o carro no estacionamento de determinada empresa, reparei que junto ao piso de brita existiam várias bolinhas de gude espalhadas pelo chão. Um verdadeiro tesouro... Na minha infância, quando se conseguia meia dúzia de bolinhas era uma verdadeira conquista! Eu fiquei imaginando se o ocorrido fosse há alguns anos atrás, seria um achado sem igual!

Segui para as dependências da empresa a fim de desenvolver meu trabalho, mas aquelas bolinhas espalhadas estavam instigando minha curiosidade. Perguntei para alguns funcionários qual era a finalidade daquele “brinquedo” espalhado no estacionamento.  De onde vieram? A resposta que eu tive foi: “QUE BOLINHAS?”.
Da forma como elas estavam, socadas à brita, dava para se perceber que já estavam por lá há algum tempo e eu não compreendia como ninguém reparava nesse verdadeiro tesouro, aflorando sob os pés de todos.

















Terminei meu expediente e antes de entrar no carro peguei algumas bolinhas. No outro dia voltei e continuei a perguntar a mais pessoas que guardavam seus carros no mesmo estacionamento e que também não haviam reparado esse fato. Discutimos muito sobre o verdadeiro valor de tal brinquedo em nossas infâncias e qual deveria ter sido sua utilização na empresa. Talvez para limpeza de algum sistema?  Por que jogar fora como se fosse lixo, sem reaproveitar ou usar como um brinquedo?
















Terminei meu segundo e último dia de trabalho na empresa e antes de sair peguei mais algumas bolinhas sem exagerar, pois espero que outros também possam se banquetear com esse brinquedo que encheu de lembranças e de momentos alegres muitos corações de várias gerações. Quando olhei para o chão novamente, percebi que apesar daquele tesouro estar brotando na terra, para muitas pessoas ele estava enterrado no fundo de suas lembranças!"
JOÃO LUIS VIEIRA DE SOUSA



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Muriquinhos até debaixo d'água

Eu disse que a Rô começou 2014 com uma coceira para escrever. Ela me contou que já está pensando em mais dois textos. O que publico hoje está na minha caixa de emails já faz tempo, mas como o calor ainda não foi embora, a dica é preciosa. Aproveitem!



"Muriquinhos até debaixo d'água

Na passagem de ano de 2014, os muricos Sousa estavam em Valinhos na casa de parentes brincando na piscina quando, de repente, o Felipe, nosso sobrinho,  apareceu com um galão de água de 20 litros que eles usavam como bóia. A brincadeira foi certa. Ele disse que um dia pegaram esse galão de água que estava disponível, vedaram o bico com fita isolante e começaram a brincar de afundar o galão, o que não é nada fácil...  Descobrimos algumas maneiras de utilizar esse material na água além de guardar a água. É isso que os muriquinhos tem feito,  mudado as coisas de lugar.
Segundo Manoel de Barros:
“A última coisa para que a cadeira serve é para sentar.”

Pensando assim,  vejamos o que mais podemos trocar de lugar..."

Rosana Roza de Sousa