quarta-feira, 8 de abril de 2009

Pai peteleco

Hoje, quero falar do peteleco... na verdade, acho que quero falar do meu pai... e como foi ele quem me ensinou esse brinquedo, posso misturar as duas coisas. Quando penso quem foi que me ensinou a ser muriquinho, mesmo sem saber que essa palavra existia, acabo chegando na figura do meu pai. Explico. Só fui ter consciência de que era muriquinho, nos tempos atuais, já adulta, quando meu pai já estava bastante doente. O grupo só ganhou força quando ele não estava mais aqui. Mesmo assim, acho que foi ele quem me ensinou a ser muriquinho, pelo menos, foi ele quem deu o "peteleco inicial". Foi com ele que aprendi uma série de brinquedos, quando ainda era criança. Os carrinhos de carretéis, as arminhas de madeira esculpida, os helicópteros de papel ou os especiais feitos com uma casca de bambu, os canudinhos para bolhas de sabão com talos de pé de chuchu (esse acho que foi minha mãe...), as caixinhas de fósforo barulhentas (e os milhares de truques com os palitos de fósforo), os pipas (os comuns, as arraias, os estrelas e o enorme 14 bis), os jogos de baralho, dominó e outros. Tudo isso faz parte da convivência que eu e meus irmãos tivemos com meu pai. Houve até uma época em que achávamos que ele era ausente, mas hoje, tenho que reconhecer que são poucos os pais que são tão presentes na vida das crianças. Acho que essa impressão de ausência, desenvolvida na fase adolescente, dizia mais respeito à parte regrada da vida, aquela das "responsabilidades", que antes parecia tão fácil de separar e agora... Bom, mas o fato é que meu pai contribuiu muito para esse meu olhar brincante, porque o que ele melhor sabia fazer era brincar com a vida, no melhor e no pior sentido.
E de tudo, permaneceu o encanto...
de dar um peteleco em um pedaço de papelão recortado e pintado e vê-lo voar misturando as cores.

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